Mulheres representam pouco menos da metade da força de trabalho no campo
14 de outubro – No dia 15 de outubro comemora-se o Dia Internacional da Mulher Rural. A data, que foi criada em 1995 pela ONU, visa elevar a consciência sobre o papel exercido pelo gênero no campo. Porém, apesar dos avanços feitos 27 anos após a sua criação, a desigualdade ainda paira sobre o trabalho da mulher rural.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as mulheres representam 45% da mão de obra agrícola no em países em desenvolvimento, como o Brasil. Apesar de representarem pouco menos da metade de toda força no setor da agricultura, os dados mostram que as trabalhadoras e moradoras do campo enfrentam desigualdade social, política e econômica. Elas detêm a posse de 35% das terras, recebem 10% dos créditos e apenas 5% da assistência técnica.
Um outro estudo, “Mercado de trabalho do agronegócio brasileiro | edição especial | volume 1 mulheres no agronegócio”, este realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), aponta que as transformações estruturais de cunho social e cultural no Brasil, resultaram no aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, inclusive no agronegócio. Entre 2004 e 2015, enquanto havia uma redução de 11,6%, no número de homens atuando no setor, o total de mulheres trabalhando no agro aumentou 8,3%.
Ainda, de acordo com o estudo do CEPEA, questões “culturais” afetam a contratação de mulheres nessas atividades, e que muitas vezes a própria oferta de mão de obra feminina é baixa, nos casos de lavouras próximas aos centros urbanos (em que há mais opções de empregos industriais e em atividades de serviços).
O Agroligadas, movimento de mulheres do agronegócio, realizou em 2021 uma pesquisa sobre a participação feminina no setor. A pesquisa revela que para 64% das 408 mulheres ouvidas, atuantes do agronegócio em todo o país, a desigualdade de gênero ainda é presente, mas 79% afirmaram que a situação é melhor do que há 10 anos.
Apesar dos avanços em relação a participação da mulher neste setor, a pesquisa revela que de 2018 para 2021, a percepção das entrevistadas sobre como notam a diferença salarial entre homens e mulheres, mudou pouca coisa. Hoje, mais da metade das participantes percebem diferenças salariais como ganhando menos.
Além da desigualdade, uma outra questão enfrentada pelas mulheres rurais é a violência. O relatório “Conflito no campo no Brasil 2020”, da Comissão Pastoral da Terra, mostra que entre 2011 e 2020, foram registradas 77 tentativas e 37 assassinatos de mulheres em conflitos fundiários e socioambientais. Eram trabalhadoras rurais sem-terra, quilombolas e das etnias originárias, em sua maioria.
Mas são muitas as histórias que têm ocupado um lugar de protagonismo e mudado esse cenário para melhor. Conhecer a vida de Deroni Mendes, de Ercília, dona Helena e tantas outras é inspirador e revela o avanço do empoderamento feminino no campo.
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