Os dados de desmatamento são como os da Covid19, não dá para disfarçar
Roberta del Giudice, secretária executiva do Observatório do Código Florestal, fala sobre a afirmação da embaixadora do Brasil na ONU, que diz que o país tem “um dos mais fortes Códigos Florestais do mundo”.
05 de março de 2021 — Conforme nota da Uol, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, afirmou que o país tem “um dos mais fortes Códigos Florestais do mundo”, em um discurso onde rebatia críticas da ONU ao Brasil. “Até 80% das propriedades privadas na Amazônia têm de ser preservadas. Quase 50% da Amazônia – mais de 2 milhões de quilômetros quadrados – é constituída por áreas protegidas”, disse, segundo o jornalista Jamil Chade, da Uol.
Os dados de desmatamento e da proteção florestal são como os dados sobre o Covid 19, não dá para maquiar, disfarçar, distorcer e nem os reduzir sem uma ação efetiva e empenho do governo federal. A alegada robustez do Código Florestal cai por terra ante a sua parca efetividade, aqui considerada a aplicação efetiva da norma em campo. Além da pouca efetividade da norma, os números mostram que, devido a suas anistias e exceções, apenas 22,75% dos imóveis rurais na Amazônia precisam manter 80% de seu imóvel com vegetação natural a título de reserva legal.
Conforme pesquisa divulgada pela matéria de Bernardo Esteves e Rodolfo Almeida, na Piauí: “Na prática, apenas dos 389 mil imóveis estão obrigados a manter a floresta de pé em 80% de sua área. “A exceção virou regra na Amazônia quando se fala em reserva legal”, diz o engenheiro ambiental Heron Martins, que fez o levantamento a pedido da Piauí.
Tanto em um caso, como em outro, há inúmeras ações à disposição dos gestores públicos, mas é preciso vontade política para adotá-las e retórica não é uma delas.
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