Fonte: Amazônia.org / Por: Nicole Matos e Aldrey Riechel
O número é 11% menor do que o desmatamento do ano anterior, quando atingiu o maior índice dos últimos 5 anos A área desmatada na Amazônia foi de 11.568 quilômetros quadrados entre agosto de 2021 até julho de 2022, de acordo com números do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que são os dados oficiais do governo federal, divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Pará, mesmo tendo reduzido em 21% a taxa de desmatamento de um ano para o outro, ainda foi o campeão em 2022, tendo mais de 4 mil km² de áreas afetadas. Em seguida aparece o Amazonas, com 2.607 km², único a ter aumento nas taxas, de 13%.
“Um estado que se sobressai e já mostra uma tendência muito preocupante é o Amazonas, que não tem a malha viária que tem o Mato Grosso, que garante os acessos às áreas florestais, e muito menos possui uma farta produção agrícola mas, mesmo assim, sua taxa de desmatamento foi a única a ter aumento, com um ciclo de alta que começou em 2018 e se intensificou nos últimos 4 anos, um aumento de quase 150%”, avalia Mauro Armelin, diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Mato Grosso desmatou 1.906 km², Rondônia, 1512 km², Acre 847 km², Maranhão, 282 km², Roraima 240 km², Tocantins, 27 km² e Amapá, 6 km².
O desmatamento permaneceu com viés de alta durante toda a gestão de Jair Bolsonaro. Os números do Prodes 2021 (período que engloba agosto de 2020 a julho de 2021), foram de 13 mil km² de área desmatada, maior número desde 2006, desde então os números começaram a diminuir, porém a partir de 2015 a área desmatada voltou a aumentar, principalmente nos últimos anos do governo.
Saldão das Florestas
Apesar dos altos índices de desmatamento e compromissos assumidos pelo país na última Conferência do Clima, a COP27, foram aprovados na última semana, 3 Projetos de Lei (PLs) que mostram que o Brasil ainda está na contramão de atuar em prol da mudança deste cenário. Os PLs 195/21 e 2168/21, que flexibilizam o Código Florestal, e o 364/19, que impacta a Lei da Mata Atlântica, fazem parte do chamado “Pacote da Destruição” e “Saldão das Florestas”, e tem potencial de legalizar o que hoje é considerado como desmatamento ilegal.
Para Roberta del Giudice, secretária executiva do Observatório do Código Florestal (OCF), a aprovação desses projetos frente a dados tão negativos é irresponsável, e a situação só vai mudar quando houver comprometimento do congresso para implantação do Código Florestal, principal lei de proteção da vegetação nativa.
“A Lei só será de fato implementada quando o Congresso Nacional der sinais claros de que não haverá mais flexibilizações ou adiamentos. A aprovação destes projetos na Câmara dos Deputados foi uma completa irresponsabilidade, frente ao cenário atual de desmatamento, escassez hídrica, aquecimento global e perda de biodiversidade “, diz del Giudice.
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