Fonte: Nova Brasil / por: Decio Caramigo
Segundo especialista, degradação é concentrada em áreas de propriedades rurais do agronegócio
Segundo levantamento divulgado pelo governo federal, o desmatamento no Cerrado entre agosto de 2023 e julho deste ano fez com que o bioma perdesse 7.015 km² de sua vegetação nativa, um aumento de 9% em relação aos 12 meses anteriores.
O estudo torna evidente que as estratégias de preservação atualmente utilizadas não são tão eficientes como deveriam.
Para se ter uma ideia do quão longe estamos de preservar o meio ambiente, foi registrada uma redução de 45% no desmate da Amazônia, mesmo assim, isso significa que 4.314,76 km² ainda sofreram com a degradação. Esse espaço representa quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
O problema precisa ser solucionado o quanto antes e, para entender melhor a situação, a Novabrasil ouviu Beto Mesquita, que é mebro do Grupo estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Segundo o especialista, “existe uma diferença entre a taxa de desmatamento na Amazônia e a taxa no Cerrado. Na Amazônia, o desmatamento vem caindo, mas no Cerrado é o contrário. Ele vem crescendo”, afirma.
“Perder florestas é sempre um problema climático, econômico e social, não apenas ambiental”, tendo em vista que grandes nascentes estão no Cerrado e abastecem cidades inteiras, por exemplo.
O agronegócio está diretamente ligado a essa difícil realidade, pois “o desmatamento tem ocorrido em propriedades rurais, dentro dos limites permitidos pelo Código Florestal”, avalia Beto. Por ser em áreas particulares e com autorização, nem sempre são classificados como crimes ambientais.
No entanto, são nas propriedades rurais da iniciativa privada que se concentram mais de 90% das áreas desmatadas, com autorização dos governos estaduais. Beto afirma que existem indícios de irregularidades nestes desmatamentos, como limpar um local maior do que o que foi autorizado, e para combater a prática seriam necessárias ações de comando e controle com incentivos econômicos para a proteção do habitat natural de muitas espécimes da fauna e da flora.
Alteração no Código Florestal é aprovada na Câmara
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta quarta-feira (14), por 37 votos a favor e 13 contra, um projeto de lei que altera o Código Florestal para permitir a construção de estruturas de irrigação em áreas ambientais protegidas. Ou seja, fazer barreiras nas nascentes e rios e assim facilitar o acesso dos rebanhos à água.
Todos os deputados do PL, União Brasil, Progressistas, MDB, PSD, Podemos e Republicanos presentes na sessão votaram a favor do projeto. PT, PCdoB e PV votaram contra a medida. O projeto é de 2021 e de autoria do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) José Mario Schreiner (DEM-GO).
Observatório do Código Florestal aponta que a medida tem diversos impactos negativos, como a intensificação da escassez hídrica e a perda de solo fértil. Conforme a nota, a vegetação nativa é fundamental para a produtividade no campo, pois tem influência direta na disponibilidade de água. Assim, a mudança na legislação pode resultar, também, em perda de produção agropecuária. Mato Grosso do Sul, onde a agropecuária é uma atividade econômica importante, por exemplo, já perdeu 57% da superfície de água nos últimos 30 anos.
Para ler a reportagem completa, acesse: Nova Brasil
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