Conclusão:
“Já havia três anos que ele plantava árvores naquele local desolado. Plantara cem mil. Dessas cem mil, vinte mil tinham brotado. E dessas vinte mil, ainda contava perder metade, devido aos roedores ou por força de tudo quanto há de imprevisível nos desígnios da Providência. Restavam dez mil carvalhos que iriam crescer naquele lugar onde anteriormente nada existia.” Este trecho do livro O Homem que Plantava Árvores, escrito pelo francês Jean Giono, em 1953, poderia descrever a trajetória de muitas organizações e ambientalistas brasileiros, que há décadas, numa árdua missão coletiva, entretanto, (re)plantam o futuro.
“Ao descer de novo até a aldeia, vi a água correr em riachos que a memória dos homens sempre recordara secos. Tratava-se da mais formidável reação natural em cadeia que pude observar. Em tempos remotos, aqueles riachos tinham transportado água. (…) O vento, por sua vez, ajudava a espalhar as sementes. E, ao mesmo tempo que a água tornou a aparecer, voltaram a surgir os salgueiros, os juncos, a relva, os jardins, as fores e uma certa razão de viver.” A realidade, assim como a ficção, tem mostrado que a natureza se regenera.
Mas o preço da restauração das áreas degradadas é bem mais elevado do que o da preservação. E o tempo urge.
A devastação das florestas ameaça a sobrevivência dos povos indígenas e comunidades tradicionais, que se veem, muitas vezes, obrigados a deixar suas terras. No campo, a falta de água prejudica as colheitas, o que terá como consequência o aumento no preço dos alimentos. Na cidade, além da cesta básica mais cara, sente-se o efeito das mudanças climáticas em eventos extremos cada vez mais frequentes, como
enchentes, tempestades, ondas de frio e de calor. Tudo está interligado, ainda que os negacionistas insistam em dizer que não. Aliás, nunca se produziu tanta informação… para o bem e para o mal.
Nesse cenário de crise, o clichê é verdadeiro: são tempos, também, de oportunidades. Uma década após a promulgação da lei, a necessidade de implantação do Código Florestal se faz imperiosa. Com suas qualidades e defeitos, a legislação de proteção da vegetação nativa é a derradeira chance do país – e do mundo – cumprir suas metas no Acordo de Paris, evitando consequências sociais, ambientais e econômicas irreversíveis.
Além de celeiro do mundo, o Brasil é celeiro de biodiversidade e, tendo o Código Florestal como aliado, é capaz de assumir um papel de líder global na conservação e enfrentamento da crise climática.
Sete décadas após a publicação do clássico Homem que Plantava Árvores, a mensagem de esperança e perseverança está mais atual do que nunca: “Quando penso naquele homem, que, contando apenas com os seus recursos físicos e morais, foi capaz de fazer com que essa terra prometida crescesse do deserto, acho que, apesar de tudo, a condição humana é admirável.” Sim, os ventos da esperança sempre voltam
a soprar.
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